No início, eu não dei nada por essa série, nunca tinha visto nada do gênero mockumentary (só depois que fui conhecer The Office de fato - assistindo - e, mais tarde, conheci Na Mira do Júri) e, com certeza, Abbott Elementary conseguiu me fisgar. Um enredo que parece simples, uma escola primária, professores dando aula, até que vamos nos aprofundando na dura realidade das escolas públicas americanas, sobretudo, das escolas de bairros periféricos e percebemos que lá não é muito diferente daqui, no que diz respeito à assistência do estado.
Título Original: Abbott Elementary
Criação: Quinta Brunson
País de Origem: EUA
Gênero: Comédia, Mockumentary
Duração: 35 episódios - 22 min
Ano de Lançamento: 2021
Uma equipe de documentários está gravando o dia a dia de professores que trabalham em escolas subfinanciadas do governo. Um dos lugares escolhidos por eles é a Willard R. Abbott Elementary School, uma escola pública predominantemente negra da Filadélfia. As condições na escola são difíceis e a maioria dos professores não dura mais de dois anos. A professora da segunda série Janine Teagues (Quinta Brunson) e o professor de história Jacob Hill (Chris Perfetti) são dois dos três professores de um grupo de vinte que passaram de um ano. Eles trabalham com a experiente professora de jardim de infância Barbara Howard (Sheryl Lee Ralph), a professora da segunda série Melissa Schemmenti (Lisa Ann Walter), a diretora da escola insensível Ava Coleman (Janelle James) e o recente substituto contratado Gregory Eddie (Tyler James Williams).
Com muito bom humor e sacadas inteligentes, vamos acompanhando a rotina de Janine e seus colegas e o que torna tudo ainda mais interessante é o quanto funciona o estilo mockumentary e a quebra da quarta da parede, já que em vários momentos, os personagens falam com a câmera como se estivessem falando conosco. Vamos sendo cúmplices aos poucos, mas continuamos sendo meros espectadores dos acontecimentos. Além disso, a dinâmica da Willard R. Abbott Elementary mostra, algumas vezes de modo caricato, a realidade nua e crua das escolas públicas primárias dos EUA, especialmente, aquelas situadas em bairros carentes e majoritariamente formado por negros. E é aí que a figura da Janine otimista e idealista cria um abismo entre o que deveria ser e o que dá para ser.
Como professora da rede pública de ensino, é impossível não me identificar com as pequenas agruras enfrentadas pelos alunos e pelo corpo docente da Abbott Elementary. Coisas banais, como falta de papel, lâmpadas queimadas e merenda pouco nutritiva só refletem a realidade de muitas escolas brasileiras. O que acaba gerando identificação e empatia para quem assiste à série e já passou ou passa por essa realidade. Além da Janine, temos a figura de Gregory, o professor novato e metódico com as aulas e a administração escolar, já que ele tinha se candidatado para o cargo de diretor, o que não aconteceu; e Jacob, que representa aquele professor que é a personificação da educação por amor. Já as professoras mais antigas, Barbara e Melissa representam os professores que já sabem como o sistema funciona e fazem o que podem para driblá-lo, mas sem criar muitas expectativas. Enquanto isso, a diretora Ava é o clássico exemplo das pessoas que ocupam posições de chefia, entretanto, não têm a menor noção do que estão fazendo.
A série não fica restrita apenas ao espaço escolar. Alguns episódios mostram a vida pessoal de cada um dos professores, como quando conhecemos o namorado de Jacob, Zach (Larry Owens), ou quando conhecemos o namorado malandro da Janine, Tariq (Zack Fox). Mesmo sendo uma das personagens mais sem noção da série, até mesmo Ava tem uma vida difícil, como no episódio em que ela parece que vai deixar todo mundo na mão, mas ela estava apenas tentando ajudar a sua avó. No entanto, não se engane com a leveza da série em tratar de temas tão importantes. Abbott Elementary faz uma sátira do ambiente escolar, mostrando os desafios da educação pública num país que se orgulha de ser um dos mais desenvolvidos, além disso, a série faz uma crítica à sociedade, por meio do recorte social da realidade da população negra, sobretudo, numa escola predominantemente composta por alunos e por funcionários negros, evidenciando como o descaso é ainda maior e escancarado. Por essa razão, vale super a pena conferir essa série, que te faz rir e pensar ao mesmo tempo em como a educação pode ser sucateada e isso não acontece só no Brasil. Super recomendo. [Disponível no Star+].
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
Educação sendo tratada com toda sua importância pelo o estado. SQN.
ResponderExcluirHaushauhsuahsuahsahs... desse modelo. Triste, mas é uma realidade comum até demais.
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