Por Favor, Ignore Vera Dietz - A. S. King

A verdade é que eu sou demasiadamente suspeita para falar sobre esse livro, até porque eu sou muito fã dos livros da A. S. King e, depois de Os dois mundos de Astrid Jones, eu não imaginava que iria gostar tanto de mais uma de suas personagens. Vai ser difícil escolher de qual livro eu gostei mais - risos. [Alerta de Gatilho].


Título Original: Please Ignore Vera Dietz
Autora: Amy Sarig King
Tradução: Ivar Panazzolo Junior
Gênero: Young Adult
Editora: Novo Século
Páginas: 288 p.
Ano de Publicação: 2015

Vera Dietz e Charlie Kahn foram melhores amigos desde crianças até completarem 17 anos. Mas agora Charlie está morto. E morreu de uma maneira horrível e misteriosa. E morreu brigado com Vera. A vida não tem sido fácil desde então. Vera não sabe direito como agir, como pensar, o que sentir. Sua mãe foi embora quando ela tinha apenas 12 anos, e seu pai é adepto da filosofia de ignorar os problemas até que eles desapareçam por mágica. Mas Vera precisa fazer suas entregas no Templo da Pizza. Precisa abrir o coração para o amor. Precisa terminar o Ensino Médio. Precisa colecionar palavras para a aula de Vocabulário. Precisa entender o que realmente aconteceu com Charlie. Precisa seguir em frente.


Desde que eu li Os dois mundos de Astrid Jones, em que alguns capítulos são narrados pelos passageiros dos aviões aos quais Astrid envia amor, Por favor, ignore Vera Dietz não podia ser diferente. Embora a personagem principal seja Vera, ela não é a única narradora da história, seu pai, o próprio Charlie defunto e o templo têm espaço para contar um pouco sobre o ponto de vista deles. Esse artifício usado pela autora é muito interessante e temos acesso a diversas perspectivas da mesma história. Além disso, Vera divide sua narração em duas partes: a Vera do passado e a Vera do presente, enfatizando o quanto nossa heroína mudou e sofreu ao longo desse percurso.
Existe algum problema em odiar um garoto morto? Mesmo se eu já o amei antes? Mesmo que ele tenha sido o meu melhor amigo? É certo odiá-lo por estar morto?
Charlie está morto, mas ainda assim, tem um assunto pendente que apenas Vera pode resolver e é por causa desse segredo que Charlie não vai embora, ele aparece para Vera sempre cobrando que ela diga a verdade, mas ela não está preparada para isso. E a narrativa se concentra em como Vera precisa lidar com a morte misteriosa e repentina do amigo e lidar com a verdade que ela e Jenny Flicks sabem sobre a morte de Charlie. Enquanto tenta pensar numa maneira de limpar a memória do amigo, Vera precisa trabalhar para juntar dinheiro para a universidade e superar a inexorabilidade dos seus genes ruins, já que ela é filha de uma ex-stripper e de um alcoólatra.
"O álcool causa depressão. O álcool causa perda de memória. Nenhum dos panfletos diz "o álcool faz com que o seu amigo morto apareça na forma de alienígenas infláveis e bidimensionais". Nenhum panfleto diz que "o álcool faz a dor diminuir". Mas eu sei que isso acontece".
Por favor, ignore Vera Dietz não é um livro leve, se você for uma pessoa sensível a determinados temas, como alcoolismo e depressão, sugiro ir com calma. Apesar de Vera ter 18 anos, nos EUA, a maioridade para o consumo e a compra de bebidas alcoólicas é a partir dos 21 anos. Sendo assim, Vera enfrenta problemas comuns da idade e outros piores causados por Charlie, antes de morrer, no entanto, para lidar com o bullying na escola, com a solidão e com a insegurança, Vera acaba recorrendo ao álcool para enfrentar as dificuldades e a saudade que sente do melhor amigo. O álcool torna-se a única solução para os seus problemas: ser filha de uma stripper que a abandonou quando ela tinha 12 anos; ter um pai que ignora tudo ao seu redor, achando que as coisas vão desaparecer espontaneamente; um vizinho mau caráter que bate na esposa; um melhor amigo tóxico que agora está morto para sempre.
"Nasci em uma família composta por um homem como o meu pai e por uma mulher como a minha mãe, e tive que salvar Vera de mim. [...] Amar Vera foi a coisa mais assustadora que já aconteceu comigo".
Mesmo que Vera pareça uma garota apática, ela não é. King explora ao máximo o quanto a vida pode ser difícil e que estamos sujeitos a passar por diversos desafios e Vera precisa resolver seu problema de financiamento estudantil para ingressar na faculdade e também o seu problema de abuso de álcool na adolescência. É bastante honesta a forma como Vera é retratada e isso expõe a crueza de uma vida complicada em uma cidade no cu do mundo. No geral, vale super a pena ler esse livro, primeiro, por ter sido escrito por A. S. King e, segundo, por trazer uma reflexão sobre a vida através do olhar de Vera, que não quer ser uma pessoa que ignora as coisas, como seu pai, mas alguém que saiba o que deve ser ignorado e o que não deve. Recomendo muito.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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