Um Homem Chamado Ove (2015)

Sem sombra de dúvidas, Um Homem Chamado Ove é um filme maravilhoso!! E todos deveriam assisti-lo ao invés do seu remake O Pior Vizinho do Mundo (2022). Eu me emocionei muito com essa dramédia sueca. Ove é um velho rabugento em todos os sentidos, mas não tem nada a ver com o fato de ele ser viúvo, a rabugice faz parte da sua personalidade, da sua essência, o que não impede que ele seja capaz de fazer boas ações, assim como ser honesto. Uma história clichê, mas muito gostosa de asssitir.


Título Original: En Man Som Heter Ove
Direção: Hannes Holm
Roteiro: Hannes Holm; Fredrik Backman
País: Suécia
Gênero: Comédia, Drama
Duração: 116 min
Ano de Lançamento: 2015

Ove (Rolf Lassgård) é um senhor mal-humorado de 59 anos que leva uma vida totalmente amargurada. Aposentado compulsoriamente, ele se divide entre sua rotina monótona e as visitas que faz ao túmulo de sua falecida esposa, Sonja (Ida Engvoll). Mas, quando ele finalmente se entrega às tendências suicidas e desiste de viver, novos vizinhos se mudam para a casa da frente e uma amizade inesperada muda completamente a sua forma de ver as coisas.


Ao longo do filme, vamos entendendo o porquê de Ove ser rabugento e, principalmente, desajeitado com seus sentimentos. Ele perde a mãe logo cedo e passa a ser criado apenas pelo pai, que não é lá um grande exemplo de afetividade. Todavia, tudo muda, quando ele conhece Sonja, que se torna o amor da sua vida e a razão de sua existência. Ela é a força-motriz que faz com que ele seja uma pessoa mais sociável e generosa. No entanto, só vamos desvendando esses momentos aos pouquinhos, por meio das lembranças de Ove, sempre que ele tenta tirar sua vida e ficar mais perto de sua tão amada esposa.


Após a morte da esposa, tudo que nos é apresentado é um Ove fechado em sua dor, tentando desesperadamente cumprir a promessa que fez a sua mulher em seu leito de morte. Mas a grande ironia é que nenhuma de suas tentativas dá certo. Porque a missão dele ainda não terminou. O filme te ganha, porque apesar de rabugento, Ove é muito adorável. Debaixo de suas camadas de ostracismo, ele tem um enorme coração - literalmente. O que faz com que torçamos por ele. Claro que essa façanha se deve à excelente atuação do Rolf Lassgård, que te passa toda a essência do Ove e, ao mesmo tempo, a imagem do Ove determinado e altruísta que fazia tudo pela esposa.


A Parvaneh (Bahar Pars), a tal amizade inusitada que muda a vida de Ove, é uma atração à parte. A maneira como ela, sutilmente, "invade" a vida solitária do protagonista e se torna parte da vida dele é muito bem desenvolvida. E em nada se assemelha à versão americana. Parvaneh é uma iraniana que fugiu da guerra e encontrou na Suécia um novo lar, onde pôde viver a sua vida e construir uma família ao lado de Patrik (Tobias Almborg), seu marido estabanado. A versão hollywoodiana não só peca na caracterização da Parvaneh, como também na escolha de Hanks para ser o Ove americano. Não é que o Tom Hanks esteja atuando mal, mas quem foi que teve a ideia de escolhê-lo para fazer o papel de um velho rabugento?!


A diferença entre os dois filmes é gritante, mas meu problema nada tem a ver com as escolhas de adaptação que os roteiristas da versão americana fizeram. Meu problema está na forma como os personagens foram apresentados no filme hollywoodiano e o que fizeram com eles da metade para o final do filme. A dependência da Marisol (versão forçada e estereotipada da Parvaneh), interpretada por Mariana Treviño, em relação a Otto é muito superficial, invasiva e pouco convincente (até porque Tom Hanks não parece ser velho o suficiente para se passar pelo pai dela). Depois de ver a versão sueca, não consigo pensar no Tom Hanks como primeira opção para ser o Ove hollywoodiano. Os americanos deviam parar de fazer remakes e se esforçar mais para ler legendas.


A versão sueca ganha no carisma dos personagens e na melhor construção da narrativa, que não deixa brechas nem dá saltos na história sem dar explicações. A amizade entre Ove e Parvaneh é gradual, sem desespero nem dependência afetiva (em nenhum momento Parvaneh enxerga o pai em Ove, como na versão americana). Além disso, não há uma mudança abrupta em relação à personalidade do protagonista. Ele é gentil, altruísta, honesto, mas continua sendo rabugento. A rivalidade dele com o Rune (Börje Lundberg) é muito melhor detalhada na verão escandinava e tudo é bem melhor explicado para o espectador, que não precisa ter lido o livro antes de ver o filme, já que Holm se mantém muito fiel à obra do autor sueco Fredrik Backman. No mais, só posso dizer que o filme sueco é maravilhoso e merece ser mais divulgado e assistido. Super recomendo.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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