O Escafandro e a Borboleta (2007)

Quando pensamos na nossa vida, ainda mais quando somos jovens e ocupados, não associamos que podemos ser acometidos por alguma grave doença ou por algum acidente. Estamos tão concentrados em seguir nossas vidas e a vivê-las o máximo possível que a noção de adversidades tende a passar o mais despercebidas quanto possível. Não vivemos focados nas mazelas que podem nos acometer, pois é mais preferível ignorar essas adversidades do que enfrentá-las de frente. 


Título Original: Le Scaphandre et le Papillon
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood
País de Origem: França/EUA
Gênero: Biográfico, Drama 
Duração: 112 min.
Ano de Lançamento: 2007

Nesse filme, conhecemos a história de Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), redator-chefe da revista francesa Elle. Um homem bastante ocupado, cheio de vida e amante de esportes. Entretanto, num fatídico dia, vê sua vida toda ser destruída, arrancada de suas mãos e de seu controle. Em pleno sábado, no fim de semana que combinara de passar com o seu filho, Jean-Do sofre um AVC e passa um mês em coma. Depois de recobrar a consciência, ele constata que tinha se tornado um homem sem expectativas e sem esperanças. Além do AVC, Jean-Do descobre-se portador da Locked-in Syndrome (conhecida também como síndrome do encarceramento), uma rara síndrome que paralisa o indivíduo da cabeça aos pés. De um homem ativo e ocupado, Jean-Do agora tenta lidar com o fato de só mover a pálpebra do olho esquerdo.



Baseado em fatos, O Escafandro e a Borboleta é uma adaptação do livro escrito pelo próprio Jean-Do com o auxílio da enfermeira, Henriette (interpretado no filme por Marie-Josée Croze). Os dois desenvolveram juntos uma forma de se comunicar na qual Jean-Do indicava a letra do alfabeto pela quantidade de vezes que piscava o olho. Dessa forma, Jean-Do passou a se comunicar com as pessoas ao seu redor e pôde contar ao mundo a sua história de vida.

Além disso, apesar da paralisia, que poderia servir de situação limitante para Jean-Do, passa a ser o meio pelo qual ele amplia sua relação com o mundo exterior e sobre os seus relacionamentos interpessoais, com a ex-esposa Céline (Emmanuelle Seigner), com a atual namorada, Joséphine (Marina Hands), e com seu pai, Papinou (Max von Sydow). Jean-Do não tem uma visão amargurada ou depressiva de si mesmo. Ele recria seu mundo, revê seus conceitos e aprende mais sobre a vida do que jamais aprendeu antes.



O Escafandro e a Borboleta é um dos filmes mais belos e mais sensíveis que já vi. A preocupação do diretor em evitar o sentimento de pena em relação a Jean-Do faz toda a diferença, visto que Jean-Do não tem pena de si mesmo e seu exemplo de superação ganha proporções mais fidedignas porque não existe essa atmosfera de autocomiseração. Jean-Do tenta recriar seu universo, sempre pronto para de alguma forma dar a volta por cima e incentivar as pessoas de que ele não é um peso morto, como muitas pensam. Aos 43 anos, Jean-Do sofreu um AVC e desenvolveu a síndrome do encarceramento. Apesar de todas as adversidades enfrentadas, Jean-Do é um exemplo de força e determinação. Um filme belo, real e necessário. Recomendo.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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