Koi Kaze (2001)

Por experiência própria, eu aprendi que o que tem de acontecer, tem muita força. E com essa história não é diferente. Uma garotinha amável e gentil e um cara rabugento beirando os 30 anos se encontram no metrô. Os dois não sabem, mas ambos estarão ligados pelo destino. E por um destino bastante cruel. É nesse viés  que temas sobre incesto se sustentam: na interdição e no sofrimento.


Título Original: 恋風 (Koi Kaze)
Roteiro/ Arte: Yoshida Motoi
Gênero: Drama, Gekiga, Romance, Seinen
Mangá: 5 volumes (2001) 
Anime: 13 episódios (2004)

A história gira em torno do ranzinza Koshiro. Ele passou 13 anos da sua vida morando apenas com o pai. Sua vida amorosa não é das melhores, mas mesmo assim ele tem uma namorada, até que ela termina o namoro com ele. Por ironia do destino, Koshiro trabalha numa agência de matrimônios agendando encontros para pessoas que desejam se casar.

Após o fim do namoro, Koshiro conhece uma garotinha, que também teria sofrido uma desilusão amorosa. E ele se sente atraído por essa garota, sem saber que na verdade, ela é sua irmã mais nova, Nanoka, que foi embora morar com a mãe quando seus pais se separaram há vários anos atrás. Para surpresa e mau humor de Koshiro, Nanoka vai morar com ele e o pai, e é a partir daí que começa o drama na vida dos dois... Koshiro trata a irmã com indiferença e rabugice, mas ao mesmo tempo a trata com gentileza e amabilidade. Enquanto Nanoka, o trata com carinho e é prestativa.

Percebemos logo de cara uma relação de desconhecidos. Koshiro não conhece Nanoka e vice-versa, embora ambos saibam da existência de terem um irmão, mesmo sem saberem suas fisionomias. Cria-se aí uma atmosfera "plausível" para justificar o fato de eles acabarem se apaixonando. Entretanto, diferentemente de algumas histórias de irmãos que cometem incestos, em Koi Kaze não vemos tanto melodrama. Os traços em estilo gekiga anunciam o realismo não só do desenho como também da história.



Fica claro que Koshiro se preocupa demasiadamente com suas atitudes, tentando, inclusive afastar a irmã e não enchê-la de falsas esperanças, visto que por ser o irmão mais velho, ele deve tomar as rédeas da situação. Por outro lado, vemos uma Nanoka, que embora tenha apenas 15 anos e seja "madura" com relação a algumas situações, ela tem um modo mais prudente de se debruçar sobre os fatos, o que de certa maneira intimida Koshiro.

Vale ressaltar que o mangá e o anime possuem algumas diferenças. Por ser mais comercial e por alcançar públicos maiores, o anime impõe um tom mais conservador e parcial. No anime, Koshiro e Nanoka sofrem mais intervenções alheias e sofrem por causa disso. No mangá, apesar de ficar claro que ambos vivem um amor proibido, as marcações temporais são mais visíveis. Ou seja, diferentemente do anime, é possível perceber que no mangá, Nanoka e Koshiro passam bastante tempo nesse dilema e fica evidente que os anos se passam.

A história traz um romance proibido entre irmãos com idades bastante diferentes. Enquanto Koshiro tem 27-28 anos, Nanoka tem apenas 15. Pelo menos dois anos se passam ao longo da história. E é notória a incapacidade de ambos em esquecer um ao outro por mais que estejam separados ou por mais que os anos passem. O fato de eu gostar desse mangá e do anime é porque ele fala de incesto sem expor julgamentos, o que cabe apenas ao espectador se posicionar. Além disso, o melodrama pouco explorado torna a história mais fluida e menos sofrida. No mais, espero que gostem da sugestão. Até a próxima.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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