Pulse (2025)

O novo drama médico da Netflix, que estreou ontem, dia 3, dividiu opiniões, mas caiu no gosto de muita gente. Sendo comparado a dramas médicos famosos, como Grey's Anatomy, o tom dramático e novelesco da produção não exige muito do público, já que não apresenta casos médicos mirabolantes e foca, sobretudo, no drama pessoal do casal protagonista. 

Título Original: Pulse
Criação: Zoe Robyn 
País de Origem: EUA 
Gênero: Drama Médico
Duração: 10 episódios - 50 min 
Ano de Lançamento: 2025

A história de Pulse acompanha a vida pessoal e profissional de uma equipe médica do centro de trauma mais movimentado de Miami, o Hospital Maguire Miami, focando, principalmente, no romance malfadado dos protagonistas Dra. Danielle "Danny" Simms (Willa Fitzgerald) e Dr. Xander Phillips (Colin Woodell). O romance poderia ser um quê a mais para a série, no entanto, tudo soa muito raso e genérico. A tentativa de trazer uma personagem emocionalmente complexa acaba surtindo o efeito oposto. Apesar do esforço de Fitzgerald, Danny é uma personagem nada cativante e seus conflitos internos contribuem apenas para torná-la ainda mais instável, impulsiva e desequilibrada.

Como amante de dramas médicos, eu quis dar uma chance a essa série, que pelo trailer já se mostrava um dramalhão novelesco daqueles. No entanto, o que temos, além do romance sem graça e sem química dos protagonistas, é uma trama irresponsável que tenta mostrar um Dr. Phillips sendo acusado de assédio sexual, devido a sua posição de chefia em relação à Danny (algo como Derek Shepherd e Meredith Grey), mas que acaba tendo seu efeito anulado quando, ao longo dos flashbacks exaustivos, descobrimos que Danny e Xander namoravam há pelo menos um ano e ainda moravam juntos.


A maneira como tudo se desenrola só enfatiza a falta de tato com um tema tão delicado quanto o de assédio sexual e falha miseravelmente ao tentar criar uma personagem crível e carismática. Apesar de todos os seus defeitos, o que deveria torná-la mais humana e gerar empatia, Danny não se salva em quase nada. Na vida pessoal, ela tem sérios problemas emocionais envolvendo os pais e ainda se culpa pelo fato de a irmã mais nova, que também é médica, Harper (Jessy Yates), viver presa a uma cadeira de rodas. Além disso, Danny duvida o tempo todo de sua capacidade, mas pouco é mostrado na série sobre ela ser uma médica extremamente competente que justifique o fato de ela concorrer ao cargo de chefe dos residentes, junto com seu melhor amigo, Dr. Samuel Elijah (Jessie T. Usher).

A verdade é que a série tinha tudo para trazer algo novo e diferenciado, mas peca no excesso de melodrama e por ficar presa ao romance apático de Danny e Xander. O assédio sexual é tratado de forma superficial, leviana e rasa. Percebe-se uma tentativa de mostrar um relacionamento abusivo entre os personagens, mas nada que se sustente, o que faz com que a acusação de Danny soe mais como uma birra pessoal do que como um fato real e crível. Além disso, nada justifica o motivo de Danny ser promovida interinamente ao cargo ocupado pelo seu assediador, o que acaba dividindo a opinião da equipe do hospital e a hostilidade que ela recebe de alguns colegas parece forçada e não orgânica, devido à maneira como todo o caso é desenvolvido ao longo do drama.


O romance de Danny e Xander acaba sendo o elemento mais importante da série, porque ele ofusca o desenvolvimento dos protagonistas e dos demais personagens, bem como dos casos médicos, que poderiam ser melhor trabalhados já que alguns deles, ao meu ver, eram bem mais interessantes do que Simms e Phillips. Além disso, a série peca ao entregar um queerbaiting envolvendo a Dra. Sophie Chan (Chelsea Muirhead) e a interna Camila Perez (Daniela Nieves). Cria-se uma expectativa de romance entre as duas que acaba sendo frustrada com a aparição repentina do suposto noivo de Camila. As duas se aproximam gradativamente, após Chan ser constantemente humilhada pelo médico residente, Dr. Tom Cole (Jack Bannon), que representa o estereótipo do médico arrogante e prepotente, que trata as mulheres como inferiores e como objetos que estão à sua disposição.

A série tenta abordar temas complexos, como o assédio sexual, as relações desiguais de poder dentro do hospital, o machismo estrutural e a falta de ética profissional (já que Cole se envolve com uma de suas pacientes e, pasme!, não sofre quase nenhum tipo de retaliação - a não ser que isso aconteça na segunda temporada), entretanto, acaba falhando em seu enredo ambicioso. Apesar de tudo isso, se você quer apenas uma série tranquila para passar o tempo e que envolva um hospital taí a recomendação. Mas se você espera um drama médico à altura de Plantão Médico (ER), a pedida é The Pitt (que em breve farei uma resenha sobre). No mais, a trilha sonora de Pulse é um dos maiores acertos - se não o único - da série inteira. [Disponível na Netflix].

Nota: ⭐⭐1/2

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