The Resident (2018)

Eu adoro seriados médicos. Então, sempre que posso, estou procurando pelo seriado médico que me prenda desde o início. Sendo assim, The Resident estava na minha lista de séries para assistir em 2023. Diferente de algumas séries do gênero, The Resident foca bastante na questão administrativa e financeira do hospital Chainstain, o que é interessante, já que o sistema de saúde estadunidense gira em torno de números. Saúde não é por amor, mas para se obter lucro e isso fica bastante claro, mas ofusca os procedimentos médicos que poderiam ganhar mais tempo de tela.


Título Original: The Resident
Criação: Amy Holden Jones; Hayley Schore; Roshan Sethi
País de Origem: EUA
Gênero: Drama Médico
Duração: 107 episódios - 43 min
Ano de Lançamento: 2018

Devon Pravesh (Manish Dayal), um jovem médico idealista, começa seu primeiro dia no Chastain Memorial Hospital sob a supervisão de um brilhante e austero residente sênior, Dr. Conrad Hawkins (Matt Czuchry), que revela o lado bom e mau da medicina moderna. As vidas podem ou não ser salvas, mas as expectativas serão sempre destruídas enquanto a equipe médica encara desafios profissionais e pessoais.


A descrição da série é bem sucinta. Pravesh acaba de iniciar sua residência no Chainstain e tem como supervisor o imprevisível Dr. Hawkins, que está disposto a mostrar a realidade nua e crua para o jovem pupilo. Nesse aspecto, a série é bem interessante, já que pretende expor a maneira como os hospitais estão interessados em gerar lucros e não em salvar vidas. Embora seja a pedra no sapato da diretoria, Conrad não é o único que acredita em praticar a medicina para ajudar os pacientes.

Nic Nevin (Emily VanCamp), a enfermeira assistencial do hospital e ex-namorada de Hawkins, também faz de tudo para driblar o sistema, chegando a colocar a sua carreira e a sua vida em risco. Sendo assim, no que diz respeito à trama, diferentemente de outras séries do gênero, The Resident apresenta o lado obscuro da medicina, dando vida a profissionais astutos e criminosos, capazes de cometer fraudes de seguro e assassinato, visando obter lucro e status social. O que acaba levando a série para um caminho totalmente novo, visto que médicos deveriam ser heróis e não criminosos frios e inescrupulosos.


Sobre os personagens, encontramos algumas semelhanças com Plantão Médico (1994-2009). A série tem personagens interessantes, mas nada novo sob o sol. Retratado como um médico excepcional, Conrad é um ex-fuzileiro com problemas de relacionamento com o pai, o que deveria gerar um personagem complexo e cativante (como o Dr. Pravesh), mas ele é apenas irritante. Dá a sensação de que tentaram fazer dele um tipo de Doug Ross só que sem o carisma do George Clooney. Além disso, ainda tem a enfermeira Nic Nevin, que tem um relacionamento amoroso conturbado com Hawkins, lembrando os altos e baixos do relacionamento de Doug e Carol (Julianna Margulies) em ER, sem mencionar que a Nic também não é uma personagem cativante (ou a atriz que é insuportável).

E as semelhanças não param por aí. Talvez nem sejam semelhanças, mas a manutenção da mesma fórmula. Um médico negro, arrogante, o melhor na sua área, como é o caso do Dr. A. J. Austin (Malcolm-Jamal Warner), que funciona como um equivalente ao Dr. Peter Benton (Eriq La Salle), de ER. O Dr. Pravesh seria a representação do Dr. John Carter (Noah Wyle), ingênuo e um médico promissor, mas ao mesmo tempo, fazendo um paralelo com a Dr.ª  Neela Rasgotra (Parminder Nagra), só que sem a insegurança absurda da Neela e a enfermeira Ellen Hundley (Denitra Isler) seria equivalente à enfermeira Haleh Adams (Yvette Freeman), também de ER. Não há problema nisso, a série bebeu na fonte de Plantão Médico e quem é fã vai perceber isso. Não é por causa das semelhanças que a série não tem o seu valor. Existe uma fórmula que acaba sendo mantida. O que agrada, o que se encaixa melhor, o que funciona e o que vende.


A série tem o seu diferencial, no entanto, sinto que peca em alguns pontos (que ER, lá em 1994, já colocava em pauta). Para uma série atual e moderna, não há personagens que sejam LGBTQIA+ e a diversidade étnica abrange apenas a Dr.ª Mina Okafor (Shaunette Renée Wilson), o Dr. Pravesh e o médico anestesista Dr. Paul Chu (Vince Foster), que tem pouca (ou quase nenhuma) participação na série. Apesar das semelhanças com Plantão Médico, alguns personagens mereciam mais destaque na série, como o Dr. Irving Feldman (Tasso Feldman) e a Dr.ª Okafor, mesmo que no final da primeira temporada algo nesse sentido tenha acontecido, ainda é muito vago o que sabemos sobre a médica nigeriana. Aliás, a vida pessoal dos personagens é pouco abordada, embora tenhamos alguma noção da história de vida deles, ainda há muita coisa em aberto, mas acredito que essas subtramas serão desenvolvidas nas demais temporadas.

No mais, vale a pena conferir essa série se você é um entusiasta de dramas médicos, como eu. No entanto, deixo avisado de antemão que o protagonista é um chato de galochas, nem o Dr. Randolph Bell (Bruce Greenwood) é tão chato quanto ele, mesmo sendo o médico que representa tudo de ruim dentro da medicina, além disso, os procedimentos médicos até ganham certo destaque, mas o foco sempre recai sobre os problemas financeiros e administrativos do hospital, o que talvez seja a real proposta da série: mostrar que a medicina tenta sobreviver à ganância dos diretores e dos presidentes de hospitais. [Disponível no Star+].

Nota: ⭐⭐⭐


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