Plantão Médico (1994-2009)

Quando a gente pensa em drama médico, só quem assistia a séries nos anos 90 vai falar Plantão Médico. E nem tem como julgar, já que a série foi exibida na Rede Globo e depois no SBT por um certo tempo, até sair do ar, ainda nos anos 90. Embora tenha deixado de ser exibida na TV aberta, Plantão Médico teve 15 temporadas, tendo seu último episódio lançado ao ar em abril de 2009. A série fez um estrondoso sucesso por ser um dos dramas médicos mais revolucionários e por abrir portas para séries consagradas e adoradas pelo público atualmente, como Grey's Anatomy, Chicago Med, dentre outros. Além disso é uma das minhas séries favoritas da vida. [Sem spoiler].

Título Original: ER

Criação: Michael Crichton

País de Origem: EUA

Gênero: Drama Médico

Duração: 331 episódios - 45 min

Ano de Lançamento: 1994

Embora não tenha sido a primeira série desse gênero, Plantão Médico (1994-2009) foi uma série pioneira no gênero drama médico, servindo como porta de entrada para várias outras, como Plantão Noturno, The Resident, Private Practice, Hospital New Amsterdam etc. No mesmo ano, também estreava Chicago Hope (1994-2000) e ambas as séries tratavam de casos médicos na cidade de Chicago. Embora Chicago Hope tenha estreado um dia antes de Plantão Médico, o sucesso estrondoso de ER foi extremamente importante para popularizar o gênero na televisão e nos lares dos americanos.

Quando o roteiro de ER foi escrito, a ideia original era ser um filme que seria dirigido por Steven Spielberg, no entanto, durante a fase de pré-produção, Spielberg perguntou a Michael Crichton qual era o seu projeto atual e o ex-médico disse que estava trabalhando em um romance sobre dinossauros e DNA (já adivinhou o que surgiu disso aí?). Foi a partir daí que Spielberg parou tudo sobre Plantão Médico e produziu o filme Jurassic Park (1993). Depois do filme, Spielberg retornou ao projeto de ER e ajudou a desenvolver o seriado, tendo o seu nome creditado como produtor executivo da 1ª temporada.

Devido ao baixo orçamento e à falta de tempo para construir um set para as filmagens do episódio piloto, ficou decidido que as cenas seriam gravadas em um hospital verdadeiro, que se encontrava inativo na cidade de Los Angeles. Após a gravação do piloto, foi possível construir um set aos moldes do antigo hospital usado no primeiro episódio. O script do piloto, que foi ao ar em 1994, era baseado nas experiências de Crichton trabalhando num pronto-socorro, por essa razão, o foco da série se baseia nos atendimentos médicos de um pronto-socorro comum, enfatizando a importância do atendimento primário, mas sem deixar de apresentar casos de emergência e casos cirúrgicos.

A série foi bastante revolucionária por tratar de temas polêmicos para a época, contribuindo para desmistificar os preconceitos acerca da Aids, de pessoas LGBT+ e de pessoas com deficiência. Imagine assistir a uma série, no início dos anos 90, e se deparar com uma médica PCD assumidamente lésbica ou se deparar com uma assistente médica soropositiva que contraiu a doença do marido, que era infiel. Além disso, a série abriu espaço para que se discutisse sobre o atendimento a pessoas trans e travestis, muitas vezes, colocando em xeque o despreparo de alguns profissionais. O que torna a série extremamente próxima da realidade, já que sabemos muito bem que nem todo profissional da saúde sabe como tratar pacientes transgêneros/transexuais e travestis. Além disso, para a época, os personagens apresentavam uma significativa diversidade (afro-americanos, indianos, asiáticos), mas sem deixar de denunciar a desigualdade da medicina para as minorias étnico-raciais.

Outro ponto importante da série é que, embora trate de um drama médico, as primeiras temporadas não focam apenas na vida pessoal dos médicos: Dr. Doug Ross (George Clooney), Dr. Mark Greene (Anthony Edwards), Dr. John Carter (Noah Wyle), Dra. Susan Lewis (Sherry Stringfield), Dra. Kerry Weaver (Laura Innes), Dr. Peter Benton (Eriq La Salle), Dr. Luka Kovac (Goran Višnjić) e Dr. Elizabeth Corday (Alex Kingston), para ser mais precisa, mas também deixa evidente como o trabalho das enfermeiras é essencial para o funcionamento de qualquer hospital, trazendo personagens icônicas como as enfermeiras Carol Hathaway (Julianna Margulies), Chuny Marquez (Laura Céron), Malik McGrath (Deezer D.), Haleh Adams (Yvette Freeman), Abby Lockhart (Maura Tierney) e Samantha Taggart (Linda Cardellini).

Diferentemente das séries médicas mais atuais, ER tinha um estilo mais próximo da realidade. O County General, o hospital público de Chicago, enfrentava diversos problemas, sobretudo, financeiros. A série trouxe as primeiras greves das enfermeiras e da equipe de limpeza do hospital, mostrando o lixo espalhado pelos corredores, enquanto médicos e residentes fingiam que o problema não tinha nada a ver com eles, obrigando a gerência a tentar resolver o problema, o que acabava sendo uma solução extremamente burocrática e muito pouco democrática. Além disso, mesmo sendo um hospital público, os roteiristas não tinham medo de falar sobre a falta de dinheiro e sobre as inúmeras ameaças de fecharem a emergência do County General por causa de politicagem. Outro ponto positivo da série é retratar a situação dos pacientes que, muitas vezes, não tinham condições de pagar pelo tratamento e os médicos faziam o possível e o impossível para ajudá-los, mesmo que os pacientes não pudessem pagar. 

Uma das sacadas da série foi o fato de mostrar como as coisas mudam em um ambiente de trabalho, ou seja, pessoas vêm e vão e isso faz parte da vida. A dinâmica da série e dos personagens abriu espaço para a entrada de novos personagens, já que o foco é o hospital, o que facilitou, digamos assim, a troca do elenco. Mas não poderia ser diferente, visto que a série tem 15 temporadas com aproximadamente 22/23 episódios cada, seria impossível manter todos os personagens até o final. Além disso, o motivo da saída de alguns personagens é bastante plausível, por exemplo, uma oferta de emprego melhor, equilibrar a carreira e dar mais atenção à família, coisas que Dr. Benton, Dra. Corday, Dra. Lewis e Dra. Weaver fizeram. Claro que algumas mortes fizeram parte da narrativa da série. Personagens icônicos e queridos morreram ao longo do programa por motivos de doença ou devido à alguma tragédia (Shonda Rhimes teve muito onde se inspirar - risos), como acontece na vida real.

Ao longo das 15 temporadas, é importante mencionar que o elenco original já não fazia parte das temporadas finais, o que não prejudicou em nada o andamento da série nem o carinho dos fãs por ela. E dentro dessa nova leva de médicos, temos: Dr. Robert Romano (Paul McCrane), Dr. Lucien Dubenko (Leland Orser), Dra. Jing-Mei Chan (Ming-Na Wen), Dra. Neela Rasgotra (Parminder Nagra), Dr. Greg Pratt (Mekhi Phifer), Dr. Archie Morris (Scott Grimes), Dr. Michael Gallant (Sharif Atkins), Dr. Ray Barnett (Shane West), Dr. Tony Gates (John Stamos), Dra. Cate Banfield (Angela Bassett) e a Abby, que largou a enfermagem para virar médica. Isso sem mencionar os vários atores que passaram pela série, como pacientes, parentes de pacientes e familiares dos médicos e enfermeiras, como: Sally Field, no papel da mãe de Abby; Ray Liotta; Susan Sarandon; William H. Macy, no papel do Dr. David Morgestern; Ewan McGregor; Forest Whitaker; Stanley Tucci; Alexis Bledel; Lucy Liu; Zac Efron; Kirsten Dunst; Jorja Fox, como Dra. Maggie Doyle; Mariska Hargitay dentre outros.

Acerca dos casos médicos, era muito comum ocorrer vários casos por episódio, com alguns poucos se estendendo por mais episódios, como o caso do paciente esquizofrênico que ataca dois residentes no hospital, mas sem manter um foco muito grande nos pacientes. As estrelas dos episódios sempre são os médicos e algumas enfermeiras, enfatizando a sua vida pessoal (ou a falta dela) e suas interações com os colegas e os pacientes. Mas nem todos os casos se passaram dentro do hospital, visto que Dr. Kovac e Dr. Carter partem em missão humanitária no Congo e em Darfur, mostrando que não apenas o County General passava por problemas de infraestrutura, mas que comparado ao continente africano, era um hospital top de linha. E, em nenhum momento, os roteiristas aliviaram as cenas tristes dos pacientes africanos morrendo aos montes, além de evidenciar a guerra civil dentro do Congo. Outro ponto importante que também se passa bem longe do hospital é a missão do Dr. Gallant no Iraque, após o 11 de setembro, que nunca deixaria de servir ao seu país se fosse convocado.

Plantão Médico é uma série incrível e todos que gostam do gênero deveriam assistir essa preciosidade. Sem rodeios e sem floreios, a série trata da precariedade e da burocracia do sistema de saúde dos Estados Unidos, mesmo quando se tem dinheiro para pagar um bom tratamento; mostra o limite dos médicos com a ética, como por exemplo, o caso de Jeanie Boulet (Gloria Reuben) ou de algum paciente (pedófilo, assassino, transgênero); escancara como um hospital público funciona e os malabarismos que os gestores precisam fazer para que os políticos não fechem o hospital; apresenta os problemas de saúde que os personagens têm, como alcoolismo, dependência de narcóticos, câncer, mas sem romantizá-los nem minimizá-los; e não faz questão nenhuma de mascarar como as doenças são: há sangue, vômitos dentre outras secreções que fazem com que tudo pareça o mais próximo da realidade possível. E é por tudo isso que ER é uma das melhores séries médicas de todos os tempos e por ter sido aquela que abriu as portas para todas os dramas médicos que vieram em seguida. Eu mais do que recomendo essa série, eu recomendo de coração. [Disponível na HBO].

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐


Comentários

  1. Esssa série é a queridinha das séries médicas resumindo rsrs!

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    1. Deveria ser a queridinha de todo mundo que gosta de drama médico, maaaaaaaas por ser uma série "antiga", as pessoas meio que acabam desconhecendo... no entanto, a série está completa na HBO Max e vale super a pena.

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