Willow - Julia Hoban

Inusitadamente, eu estava ouvindo uma playlist aleatória no Spotify e uma das músicas era da Willow, filha do Will Smith. Na mesma hora, eu lembrei que tinha um livro com o mesmo nome da promissora artista e resolvi ler. Ainda bem que resolvi iniciar a leitura, porque não imaginava que iria gostar tanto. [Aviso de Gatilho].


Título Original: Willow
Autora: Julia Hoban
Tradução: Regina Cazzamatta
Gênero: Young Adult
Editora: LeYa
Páginas: 351 p.
Ano de Publicação: 2014

Willow é apenas uma garota de 17 anos que não tem nenhuma perspectiva na sua vida após o trágico acidente que matou os seus pais. Sete meses atrás, durante uma noite chuvosa, após beberem bastante, os pais de Willow pedem que ela conduza o carro. Inexperiente e recém-habilitada, Willow acaba perdendo o controle e bate o veículo, levando os pais a óbito. O trauma e a dificuldade de lidar com a dor e o luto fazem com Willow encontre outros meios para extravasar, digamos assim.
"É difícil manter um segredo quando ele está escrito por todo o seu corpo".
Após a morte dos pais, Willow passa a morar com o irmão mais velho, David, com a cunhada e com a sobrinha nascida há poucos meses. Enquanto o seguro de vida dos pais não é liberado, Willow precisa trabalhar para ajudar nas despesas da casa. E tudo se torna ainda mais deprimente, porque Willow acredita piamente que seu irmão a odeia por ter causado o acidente. Nesse aspecto, nossa protagonista tem uma visão muito distorcida da realidade/verdade e de si mesma.


Na escola, Willow tenta ser o mais invisível possível, ainda mais por ser a garota nova que entrou no meio do ano. Evitando fazer amizades e se envolver com as pessoas, Willow sequer imagina o que o destino lhe reserva. E é quando ela conhece Guy. A priori, ela sente atração por ele, mas, em seguida, entra em pânico quando descobre que ele também estuda na mesma escola que ela. Automaticamente, Willow imagina que ele quer apenas descobrir mais sobre ela para espalhar para todo o colégio. No entanto, Guy não é esse tipo de pessoa e, após diversas situações, vai se tornar uma pessoa importante para que Willow aprenda a lidar com seus traumas.

Ao evitar a dor da perda dos pais, Willow recorre à automutilação, criando estratégias para que as feridas não infeccionem e não chamem a atenção das pessoas que convivem com ela. Entretanto, Guy descobre seu segredo e, inicialmente, tenta contar tudo a David, mas é impedido por Willow. A partir daí, surge um relacionamento entre os dois. Guy se sente responsável por mantê-la viva, já que ele acha que Willow pode tentar se matar, porém, à medida que eles vão se conhecendo, vão estreitando laços e desenvolvendo uma relação de confiança. Inevitavelmente, Willow e Guy se apaixonam, mas precisam lidar com o fato de ela se cortar sempre que surge um novo gatilho em sua vida. 
"O conhecimento dele sobre ela não é necessariamente ruim. O vínculo que eles estabeleceram é a única coisa positiva em sua vida. É mais por ele saber de tudo. Ele conhece as coisas mais horríveis sobre ela e, ao estar ali na frente dele, é impossível para ela não se sentir terrivelmente vulnerável".
O que torna esse livro interessante é a maneira como Hoban desenvolve sua narrativa. A história é envolvente, mas ao mesmo tempo, nua e crua. Willow se automutila, vive imersa num estado de apatia, apenas porque não consegue enfrentar o seu luto. E para pessoas mais sensíveis, o livro pode despertar alguns gatilhos. A dor de Willow precisa ser encarada e essa dificuldade transforma a vida da nossa protagonista em um martírio físico. Os cortes servem para lembrá-la de sua culpa, todavia, essa é uma visão distorcida da personagem. Ao enfrentar seus demônios, temos a esperança de que Willow vai melhorar, visto que o livro não apresenta soluções milagrosas, mas tenta ser o mais fiel a esse tipo de transtorno. Por isso, vale muito a pena a leitura. Para mim, foi uma grata surpresa. Recomendo.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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