3000 Noites (2015)

E fazia um bom tempo que eu não postava sobre nenhum filme, embora tenha visto vários recentemente. No entanto, 3000 Noites me tocou de um modo tão indescritível que eu precisava falar sobre ele. Estamos acostumados a ver tantos filmes americanizados, que esquecemos as tantas pérolas estrangeiras que temos e ignoramos a sua existência. 3000 Noites é um longa escrito e dirigido pela cineasta naturalizada palestina, Mai Masri, que denuncia as prisões injustas de palestinos e libaneses em presídios israelenses desde 1948.

Título Original: 3000 Layla

Direção/ Roteiro: Mai Masri

País: Palestina

Gênero: Drama

Duração: 100 min

Ano de Lançamento: 2015

3000 Noites é um filme baseado em uma história real e filmado em uma prisão de verdade. Layal Asfour (Maisa Abd Elhadi) é uma professora palestina recém-casada, que acaba sendo presa por um crime que não cometeu. Apenas por ter ajudado um garoto, ela foi condenada há oito anos de reclusão sob a acusação de terrorismo, sendo encaminhada a uma prisão israelense, onde dá à luz a seu filho, Nour (Zaid Qoda'). A história se passa nos anos 1980, período no qual a OLP e Israel travavam fortes conflitos na região.

Dentro da prisão, Layal não sabe em quem confiar e passa maus bocados ao dividir a cela com outras mulheres israelenses, passando por vários perrengues por causa de Ze'eva (Khitam Edelbi) e Shulamit (Raida Adon). Após passar mal na solitária, Layal descobre que está grávida e é trocada de cela, passando a conviver com outras mulheres palestinas, presas injustamente: Sanna (Nadira Omran), as irmãs Jamileh (Rakeen Saad) e Fidaa (Hana Chamoun), Rihan (Anaheed Fayyad) e Im Ali (Haifa Al-Agha). Todas essas mulheres tentam sobreviver e defender sua dignidade, mesmo sendo as únicas punidas pelas carcereiras, lideradas pela diretora do presídio Ruti (Izabel Ramadan) e pela chefe das carcereiras, Hava (Abeer Zeibak Haddad).

É muito revoltante o quanto as palestinas confinadas são maltratadas, não só pelas carcereiras, como pelas companheiras de confinamento israelenses. O que denuncia a maneira como Israel trata seus prisioneiros de guerra, inocentes ou não. A tensão dentro do presídio demonstra que nem todo mundo é confiável, fazendo com que Layal fosse acusada de ser a leva e traz do grupo, o que não era verdade. Mesmo sob tantas formas de coerção, elas encontravam maneiras de se comunicar com os homens, que também estavam confinados na mesma prisão, só que separados por um muro, ansiando por dias melhores e pela tão sonhada liberdade. Mesmo sob tantas punições, elas lutavam com unhas e dentes pelos seus direitos, como o de ver seus familiares nas visitas e de terem uma alimentação melhor.

Após o nascimento de Nour, o dia a dia das presas gira em torno do menino, todas animadas por terem um bebê para se distraírem e amarem. Layal teve que tomar a difícil decisão de manter a gravidez, mesmo depois de seu marido abandoná-la após o resultado da sentença. É atrás das grades e entre quatro paredes que Layal cria seu filho. Durante dois anos, Nour cresceu atrás das grades junto com a mãe e suas amigas e sob os cuidados de Ayman (Karim Saleh), o único presidiário homem que trabalhava como auxiliar de enfermagem, até ser arrancado dos braços maternos após uma greve de fome realizada pelas prisioneiras, em resistência e apoio à luta da OLP e em solidariedade aos palestinos mortos.

Em 1983, a OLP captura alguns soldados israelenses e, por causa disso, consegue a soltura de vários prisioneiros em troca da libertação dos oficiais capturados. Infelizmente, Layal não estava entre os presos libertados, tendo cumprido sua pena até o final. Vale ressaltar que, embora o filme aborde as injustiças e as torturas ocorridas no presídio, o foco é mostrar a luta de uma mulher para criar seu filho atrás das grades, traçando uma jornada de esperança, resiliência e sobrevivência de uma jovem mãe contra todas as adversidades. Um filme forte que conta a história de várias mulheres destemidas, como a corajosa Jamileh, e que todos deveriam ouvir. Super recomendo.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐


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