Na Prisão (2000)

Na Prisão trata de um relato autobiográfico do mangaká Kazuichi Hanawa que passou três anos preso por porte ilegal de armas. Condenado a passar três anos de sua vida naquele inferno, Hanawa tenta não sucumbir à perda da sua identidade dentro de um lugar onde tudo é controlado.

Título Original: 刑務所の中 (Keimusho no Naka)

Roteiro/ Arte: Kazuichi Hanawa

Gênero: Autobiográfico, Gekiga, Psicológico, Seinen 

Mangá: 1 volume (2000)/ Licenciado pela Conrad (2005)

Live-Action: J-Movie (2002)

O mais interessante e inovador do mangá Na Prisão é o senso de humor do personagem, seu humor irônico e sarcástico tornam a vida retratada na prisão mais leve, menos monótona. O mangá resgata as memórias de Hanawa dentro da prisão, vale salientar que lá era proibido até desenhar.

O regime carcerário japonês nem chega aos pés do regime das prisões brasileiras. O excesso de regras torna a vida do recluso uma maratona exaustiva de se tornar um padrão, um robô que tem que reproduzir automaticamente todos os comandos. Existem regulamentos de: como se vestir no verão e no inverno, formas de como dobrar corretamente o uniforme, modos de sentar, banhos cronometrados (2 minutos para se lavar e apenas 1 para se enxugar), existem até formas diferentes de como andar em determinadas situações, tendo inclusive linhas no chão para que todos os detentos sigam em fila indiana e de forma organizada.

A cela que Hanawa dividia com mais quatro presos.

Hanawa ainda publicou o mangá 刑務所の前 (Keimusho no Mae, traduzido como "Antes da Prisão"), publicado dois anos depois de Na Prisão, sem tradução para o português, onde ele retrata as razões que o levaram a tomar gosto por armas e por essa razão começar a colecioná-las. 

Na Prisão é um mangá muito interessante, pois Hanawa, ao retratar suas memórias no cárcere, também denuncia a opressão das cadeias japonesas, mas ao mesmo tempo retrata que pequenas mudanças na rotina massacrante da prisão traziam nuanças maravilhosas, como, por exemplo, o episódio no qual o banho que era tomado de manhã fora adiado para ocorrer à tarde, mesmo que apenas naquele dia. Outro ponto interessante é a visão que o próprio detento tem de si mesmo: "eu sou um peso/vergonha para a sociedade". Vale a pena conhecer essa história.

Nota: ⭐⭐⭐⭐


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