Albert Camus escreveu O Estrangeiro em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial. Embora não seja o seu único livro, foi o que se tornou o seu mais importante e conhecido romance. Apesar de ser um livro curto, a mensagem que a narrativa passa é pesada e, até mesmo, obscura. Vamos dizer que se trate de uma "crítica" à condição humana. Afinal, se tentarmos situar a narrativa de acordo com o seu contexto histórico de produção, questionar a vida e o propósito dela eram bem pertinentes.
Título Original: L'Étranger
Autor: Albert Camus
Tradução: Valerie Rumjanek
Gênero: Romance
Editora: Record
Páginas: 128 p.
Ano de Publicação: 2018
O Estrangeiro narra a história de Meursault, um pacato funcionário de um escritório na cidade de Argel, que se depara com o absurdo da condição humana depois que comete um crime quase inconscientemente e é julgado pelo que fez. O interessante da narrativa é que, durante o julgamento de Meursault, o promotor não usa apenas o crime em si para convencer o júri de que o réu é culpado, expondo a "verdadeira" natureza do protagonista, digamos assim.
Meursault é um homem comum, mas que sente apatia por tudo. Nada parece lhe satisfazer ou fazer sentido. No início do livro, ele precisa lidar com o velório de sua mãe, com quem pouco mantinha contato. Mesmo com a morte dela, Meursault não derramou uma lágrima pela sua perda. Além disso, praticamente no dia seguinte, o nosso protagonista mantém uma relação bastante íntima com uma ex-colega de trabalho, não "respeitando", portanto, o luto pela sua mãe falecida.
Vão ser essas falhas de caráter, ou seja, a incapacidade de Meursault de sentir empatia pelas pessoas que o promotor usará para convencer o júri de sua culpabilidade pelo assassinato que ele cometeu. É nesse momento de sua vida que Meursault passa a sentir inquietações que antes não sentia, pois agora o seu destino está nas mãos de pessoas que não o conhecem e sequer fazem ideia de quem ele é.
Embora seja classificado como um dos livros expoentes do existencialismo, o que fez com que Camus ganhasse o Nobel de Literatura de 1957, o próprio autor negava esse rótulo para sua obra. Apesar da negativa, é incontestável a influência existencialista em O Estrangeiro, sobretudo, na angústia que é passada pelo escritor por meio da apatia extrema de Meursault pela vida e, mais especificamente, pela sua vida em si. A narrativa curta, porém impactante, nos deixa indignados com a passividade exacerbada de Meursault, fazendo com que a gente tenha vontade de sacolejá-lo e fazê-lo acordar para a realidade. Certamente, é um clássico da literatura que merece ser lido pelo menos uma vez na vida. Recomendo.
Nota: ⭐⭐⭐⭐
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