Ganhador de Melhor Filme no Festival Internacional Brasil Stop-Motion, em 2015, O Quebra-Cabeça de Tarik traz a história de um cientista chamado Tarik que, apesar da idade, se recusa a morrer, usando de todos os artifícios de que dispõe para viver o máximo possível. Contada a partir de bonequinhos de madeira, podemos vislumbrar um tema recorrente em algumas narrativas de suspense e de terror: criador vs. criatura.
Título Original: O Quebra-Cabeça de Tarik
Direção: Maria Leite
Roteiro: Eduardo Felix
País: Brasil
Gênero: Animação, Curta
Duração: 19 min
Ano de Lançamento: 2015
Viver eternamente pode ser, para alguns, uma dádiva, uma necessidade. Para outros, é sinônimo de megalomania, para que viver tanto e ver todos que você ama morrerem enquanto você continua vivo? Mas Tarik não se importa com isso. Em seu laboratório subterrâneo, o cientista decrépito faz de tudo para salvar as partes do seu corpo que não resistiram ao tempo, para isso, ele adapta máquinas capazes de as substituírem e de realizarem as mais diversas funções.
O quebra-cabeça de nosso cientista, nada mais é, do que encontrar as peças perfeitas para criar um novo corpo para ele, trabalho esse que exige muita dedicação de sua parte. Usando de sua vasta experiência e expertise, Tarik cria novos seres a fim de encontrar as melhores peças para criar seu maior e mais importante experimento. No entanto, o que ele não prevê é que uma de suas criações pode colocar tudo a perder.
Nesse filme sem diálogos, somos guiados apenas pelos personagens e suas ações e pela trilha sonora que nos ambienta a um lugar sombrio e claustrofóbico. Além disso, aos poucos, vamos conhecendo a ambição de Tarik por continuar vivendo, evidenciando a sua decadência humana, tornando-se refém de suas próprias máquinas. Entretanto, podemos vislumbrar, nesse curta mineiro, a maestria com que os bonecos dão vida aos seus personagens, colocando em xeque o quanto o amor pela vida pode assumir diferentes versões, dependendo do ponto de vista de cada um.
Maria Leite apresenta toda a sua experiência com o trabalho realizado com o teatro de bonecos de Gramado - RS. Numa narrativa sombria, mas ao mesmo tempo, intrigante, conhecemos um cientista que brinca de ser Deus e de como, ironicamente, Deus ri de sua ousadia. Já diz o ditado, nós planejamos e Deus ri. Enquanto Tarik tenta dar seguimento ao seu principal projeto de vida, seguindo à risca todos os seus planos, algo inesperado faz com que tudo saia dos trilhos. Um curta maravilhoso e que eu recomendo imensamente.
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
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