O Casamento do meu Melhor Amigo (1997)

Olá, pessoas do meu coração. E igual fênix eu ressurjo das cinzas para trazer hoje para vocês essa resenha quentíssima de um dos filmes mais queridinhos da minha pessoa. Pois é, 20 anos depois e se você pensa que já viu de tudo sobre esse filme, pense de novo. Apesar de ser aquelas comédias românticas dos anos 90 com muita pagação de mico etc, esse filme me fez ver uma coisa que nas primeiras vezes que eu tinha visto, não tinha reparado. Mas vamos lá... vem comigo!! [Pode conter spoiler].


Título Original: My Best Friend's Wedding
Direção: P. J. Hogan
Roteiro: Ronald Bass
País: EUA
Gênero: Comédia Romântica
Duração: 105 min.
Ano de Lançamento: 1997

Julianne Potter (Julia Roberts) e Michael O'Neal (Dermot Mulroney) são amigos de longa data que já foram namorados. A relação dos dois é confortável dessa forma, por não haver cobrança nem encheção de saco. Vivendo a sua vida corrida e bem sucedida como crítica gastronômica e, às vésperas de ambos completaram 28 anos (se caso ainda estivessem solteiros, eles se casariam), Julianne recebe a notícia que a deixa abalada: Michael a convida para ser sua madrinha de casamento. Michael iria se casar com a jovem Kimberly Wallace (Cameron Diaz). Abalada emocionalmente, Julianne aceita o convite com o intuito de destruir esse casamento.



Apresentados os fatos, vamos ao ponto que eu quero chegar. Na primeira vez que eu vi esse filme, confesso que torci desesperadamente para que a Julianne conseguisse conquistar novamente o Michael para eles ficarem juntos. Eu não entendia nem aceitava o fato de ela não ter ficado com ele no final. Isso me fazia pensar em todos os filmes em que o cara fazia cagada, mas conseguia de alguma maneira ter de volta a sua amada, muitas vezes fazendo aquele discurso suuuuuuper meloso na frente de todos na igreja e ela fugindo com ele no final. O que eu não compreendia, na minha ingenuidade da época, era que o cara sempre ganha a mocinha no fim do filme, todo protagonista homem tem o seu prêmio no final. A Julianne era apenas a amiga workholic que perdeu a sua chance, porque a friendzone é um espaço totalmente masculino.



Em determinado momento do filme, Julianne lamenta o fato de não ter percebido antes que era apaixonada por Michael desde sempre. Mas não é apenas isso, ela lamenta não ter percebido isso na época em que podia tê-lo. Seria uma mensagem subliminar para mulheres que optam pela carreira em 1º lugar? Não sei, mas quando assisti pela primeira isso me doeu pacas, porque eu sempre me identificava com as personagens que sofriam pelo protagonista, porque eu não era lá o melhor ideal adolescente bem sucedido romanticamente. E ver que uma mulher bem sucedida profissionalmente sempre seria um fracasso no amor, era inadmissível. Porém, foi isso que aconteceu com Julianne. Ela não ficou com Michael. Ser a "vilã" ao tentar sabotar o casamento do amigo não deu certo. Diferente de filmes como O Melhor Amigo da Noiva, em que o cara consegue roubar conquistar sua melhor amiga para si. Novamente reforçando a ideia de que o herói nunca termina o filme solteiro, imagina o choque das pessoas quando assistiram a 500 Dias com Ela? Quem aí não continua achando a Summer uma desalmada sem coração?



Ah, mas no final, a Julianne terminou dançando com o George Downes (Rupert Everett). Vamos analisar bem isso. George que sempre foi o amigo cool, prestativo, de todas as horas, o ombro amigo da nossa heroína etc. Mas vejam bem, George nunca teve interesse por ela e vice-versa. Ainda analisando esse personagem, o George era o "amigo gay" da Julianne, seu confidente. A Julianne fica sem o Michael e sem NENHUMA perspectiva de par romântico! Ao longo dos testes de possíveis finais para o filme, foi filmada uma cena em que Julianne conheceria alguém na festa e terminaria o filme dançando com ele. Mas adivinhem... essa cena foi rejeitada pelo público. Como assim? Em que momento as pessoas pararam de torcer pela Julianne?



O que quero dizer com essa postagem é que na história do cinema hollywoodiano é muito comum vermos filmes em que o herói não termina o filme sozinho. Ele pode ser o cara mais sem noção, mais escroto - vide os personagens do Adam Sandler -, mas eles sempre formam par romântico com alguém. Agora, vejamos O Casamento do meu Melhor Amigo, uma mulher bem sucedida de 28 anos, que tenta reconquistar seu antigo ex, termina solteira, abandonada, quase vista como a vilã destruidora de casais, mas para a amenizar a história, ela se conforma, aceita ser a madrinha, suporta dignamente ver seu grande amor se casando com outra MAIS JOVEM do que ela e termina dançando com seu amigo "gay". Dançando!! Apenas.



Meu intuito com esse post não é dizer que o filme é ruim. Eu gosto desse filme. Como falei no início dessa postagem, é um dos meus filmes mais queridos, porque eu adoro a Julia Roberts e de alguma maneira esse filme me marcou muito. Eu recomendo que você assista a esse filme sim. Mas com uma nova visão. Não é porque amamos uma coisa que iremos fechar os olhos para os seus defeitos. Esse filme mostra como as mulheres são vistas no filme e como estereótipos femininos são mantidos e perpetuados. Julianne vê Kimberly como inimiga. Uma mulher a ser vencida e derrotada. Julianne não tem amigas com quem conversar. Sua vida girava em torno do trabalho e depois de Michael. Ela se torna insana. Mas se você soubesse que ia perder o amor da sua vida, também não ficaria? Eu vejo esse filme como uma maneira de refletirmos certos estereótipos. Gostar desse filme não me torna cega. E eu acho super necessário nos debruçarmos sobre coisas desse tipo para que possamos desenvolver e ampliar o nosso senso crítico.

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐

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