Como uma das primeiras postagens sobre HQ, trago para vocês uma das HQ's mais incríveis que já li. Elektra Assassina é um graphic novel maduro, voltada para um público mais adulto, que traz a história de Elektra Natchios. Nessa HQ, Elektra é a protagonista e nos é apresentada totalmente diferente da Elektra sidekick, muitas vezes romantizada, que sempre ajuda o Daredevil.
Título Original: Elektra Assassin
Roteiro: Frank Miller
Arte: Bill Sienkiewicz
Gênero: Ação, Artes Marciais, Psicológico
Editora: Abril Cultural
Ano de Publicação: 1989
Nesse graphic novel, Elektra tem uma missão para cumprir: acabar com a
seita tentáculo e destruir a Besta. Apenas utilizando as suas
habilidades ninja e a sua espada, Elektra decide cumprir sua missão a
qualquer custo. Sua determinação é sua maior aliada nessa história
extremamente eletrizante.
Gostaria de falar diversas coisas sobre essa história, mas tentarei ser
bem sucinta, pois a história não é tão longa e contar muitos detalhes
pode entregar e estragar a surpresa de quem pretende ler ainda. Conheci
Elektra Assassina depois de ler uma postagem sobre ela, no Minas Nerd.
Diante de tão poucas heroínas expressivas ou das tão badaladas, Elektra
Natchios foge totalmente dos estereótipos de heroína. Nesse graphic
novel, sua missão é aniquilar a Besta. E ela se aventura de corpo e alma
nessa missão.
Eu conhecia apenas a versão da Elektra sidekick do Demolidor.
Hiperssexualida, como a maioria das heroínas e, sobretudo, romantizada
ao extremo. Apenas uma ajudante, nada mais do que isso. Nessa versão do
Frank Miller para a edição 186 de Daredevil, de 1981, Elektra é a
heroína suja, rebelde e assassina. Ela não está ali para agradar o seu
dia, ela não está ali para ser graciosa e muito menos para viver um
grande amor. Ela não tem tempo para isso.
Elektra nos é apresentada depois de passar por várias desgraças. Todas
as suas memórias são fragmentos infantilizados ou desconexos que apenas
indicam o que pode ter acontecido com ela. Depois de ter perdido a
família, de viver numa nova família, com um pai que não se sabe ao certo
o que fazia com ela, passar por diversos treinamentos ninja além de ser
quase contaminada pela Besta e o Tentáculo, Elektra foge do manicômio e
dá início a sua maior missão: destruir a Besta.
A incrível arte do Bill Sienkiewicz engloba desde aquarela, colagens e
técnicas mistas, algo bastante confuso e, por que não sujo? Mas tudo
isso reflete o interior confuso e complexo da nossa protagonista.
Elektra é a heroína absoluta de seu próprio destino. Elektra Assassina é
uma história profunda e complexa, muito do que se passa na história,
está dentro da cabeça dos personagens. E Elektra se aproxima bastante do
brutal, do animalesco, tanto que enquanto estava sendo cobaia da
SHIELD, os relatórios psiquiátricos acusavam um cérebro que regredia ao
primitivo. O que justifica as falas quase monossilábicas de Elektra. Que
mal dialoga na história. Ela quase nunca fala. Ela apenas age. Segue
seus instintos. Ela é de fato uma ninja assassina que sabe muito bem o
que faz.
Apesar de toda essa vibe nebulosa sobre o seu passado e sobre ela mesma e
sua missão, no fim, é Elektra que salva o dia. Ela não precisa ser
conduzida, ela não precisa de ajuda, ela não precisa de um par
romântico, ela mesma basta. Ela já é o suficiente. E sabe, protagonistas
assim, donas de si, importam muito. Representatividade importa demais.
Isso meio que me lembrou uma cena do filme Juno em
que Mark (o pai do casal para quem Juno doará o bebê) lhe empresta um
mangá de uma super heroína grávida para mostrar que personagens grávidas
podem ser protagonistas de algo importante. Não discuto a veracidade da
existência desse mangá, mas saliento que representatividade de fato
importa.
Ler Elektra, para mim, me abriu diversos horizontes de possibilidades e
uma centelha de esperança se acendeu dentro de mim. Pode não ser a
melhor história de todas, pode não ser a heroína com superpoderes, pode
ainda ser uma heroína hiper-sexualizada, pode não ser maravilhosa como a
Mulher Maravilha, mas o que importa é que ela é humana, apenas isso. E
que apenas na sua condição de ser humano, munida apenas de suas
habilidades e intelecto é capaz de enfrentar as diversas intempéries e
de salvar o mundo.
E mais, Elektra é uma mulher, uma super heroína que te mostra que sim, é
possível salvar o dia sem ser coadjuvante de super herói nenhum. Ela
não é a sidekick clássica, é ela quem age, que decide, que faz a
diferença. Diante de tudo isso, posso dizer com toda a certeza do mundo,
que Elektra mudou minhas perspectivas de super heroína e eu amei isso.
Super recomendo que vocês também mergulhem de cabeça nessa pequena
revolução. Até a próxima!!
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
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