Quando vi esse filme, não sabia nada sobre ele. Resolvi encarar porque achei que poderia ser bom. De fato, o filme é muito bom, um dos melhores que já vi. É um filme divertido, dinâmico, engraçado e, sobretudo, tem aquele toque de realidade que faz qualquer um se identificar. Amizade é tudo nessa vida, mas quando se é adulto as decisões que tomamos podem ser difíceis de agradar a todos.
Título Original: Frances Ha
Direção: Noah Baumbach
Roteiro: Greta Gerwig; Noah Baumbach
País de Origem: EUA/ Brasil
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Duração: 86 min
Ano de Lançamento: 2012
Certamente, todo mundo, em algum momento da vida, desejou ser criança para sempre. Assumir responsabilidades de adulto, pagar contas, trabalhar, enfim, perder privilégios e momentos de tranquilidade e de despreocupação, não são o sonho de ninguém. E isso não seria diferente com a nossa protagonista Frances (Greta Gerwig), que tenta levar a vida no maior alto astral com a ajuda da sua melhor amiga, Sophie (Mickey Summer).
Frances e Sophie dividem o mesmo apartamento e se dão super bem. São praticamente, carne e unha, unha e carne. Mas eis que surge um grande dilema: Frances tem que tomar uma decisão. Seu namorado propõe que eles morem juntos, entretanto, Frances não se vê preparada para isso e não quer deixar Sophie sozinha. No entanto, quando a situação se inverte, e Sophie vive o mesmo dilema, a recíproca não é verdadeira. Sophie decide deixar Frances sozinha e ir morar com o namorado, Patch (Patrick Heusinger).
Agora, Frances precisa dar um rumo certo a sua vida e encontrar urgentemente um lugar para morar que seja acessível as suas finanças, visto que ela não é uma dançarina de primeiro time, e sem fazer turnês fica difícil ganhar mais dinheiro para se sustentar na cidade grande. Nesse percurso e mesmo tentando ser otimista, Frances não consegue parar de pensar que sua melhor amiga a trocou pelo namorado. A amizade entre as duas, de certa forma, acaba sendo abalada com essa nova configuração da vida delas. Mas uma grande amizade pode simplesmente acabar?
Frances nos mostra com bom humor e otimismo a capacidade que o ser humano tem de se adaptar às situações mais adversas possíveis. Mas também mostra que nem sempre conseguimos o que queremos assim que recebemos o diploma de graduado. A vida não é um mar de rosas. De certa forma, essa pegada do filme me lembrou muito o seriado Girls, mas não assistam a Frances Ha como se fosse algo parecido com a série da Lena Dunham. Apesar de tratar de um tema semelhante, Frances Ha se distancia muito do ritmo do seriado. Estar na casa dos vinte e tantos e não saber o que fazer quando não se obtém o sucesso que a sociedade espera que você tenha nessa idade: eis a questão.
Ao longo de sua jornada para tentar se ajustar a nova realidade, Frances conhece Dan (Michael Esper) e Lev (Adam Driver), dois jovens que vivem às custas do dinheiro dos pais, mas que ainda sonham em se tornar músicos e escritores famosos. Frances acaba convivendo bastante e conhecendo um pouco mais de cada um, mas, sobretudo, se autoconhecendo. Frances Ha não tem a pretensão de te ensinar nenhuma lição de vida ou moral. Mas é super válida a forma como a história te mostra como a vida de adulto, tão almejada por muitos, não é tão divertida quanto parece. Aliás, esse é o dilema vivido por muitos e nada mais simbólico no filme do quer ver uma amiga se casando para ilustrar isso. E diante disso, Frances se sente perdida e encurralada.
Mesmo que se tenha bom humor e otimismo para enfrentar todos os problemas, nem sempre isso pode ser o suficiente. Adaptar-se a uma nova rotina, a uma nova situação pode não ser fácil, mas Frances vai aos poucos encontrando os meios para que as coisas deem certo. Mas será mesmo que com todo o esforço do mundo, as coisas vão dar certo? Infelizmente, isso é uma coisa que não dá para prever. Entretanto, temos que arriscar e ver se dá certo. Frances é divertida, inquieta, agitada, destrambelhada, mas quando se vive esses dilemas quem não seria? Um filme bonito, interessante, instigante e que remete diretamente à esfera nova-iorquina, da vida frenética, alucinante, imediatista. E outro ponto interessante do filme é o fato de ele ser preto e branco. Uma sacada do diretor de fotografia, Sam Levy, que traz para Frances Ha toda aquela atmosfera clássica do filme Manhattan, de Woody Allen. Um ótimo filme. Recomendo bastante.
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
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