Sabe aquelas histórias de família que poderiam ser mais um clichê, mas não são? Então... é o que vemos em Boomerang Family. Foram tantas as emoções que eu senti ao ver esse filme, que tenho até receio de não conseguir expressar fidedignamente o que eu senti. Já está na cara que eu sou super suspeita para falar do filme, mas vou tentar me conter. Eu resolvi ver esse filme, a priori, por causa da Gong Hyo Jin que é uma das minhas atrizes coreanas preferidas, mas depois de ver, simplesmente, me apaixonei pela história. [Pode conter spoiler].
Título Original: 고령화 가족 (Goryeonghwa Gajok)
Direção/ Roteiro: Song Hae-Sung
País de Origem: Coreia do Sul
Gênero: Comédia Dramática
Duração: 112 min
Ano de Lançamento: 2013
Três irmãos, de personalidades totalmente distintas, acabam tendo que voltar a viver juntos na casa da mãe (Yoon Yeo Jeong). Oh In Mo (Park Hae Il), tem 40 anos e está atravessando uma fase muito difícil, seu único filme como diretor de cinema levou-o à falência e a sua ex-mulher aguarda ansiosamente pelo divórcio, que ele se recusa a dar. Oh Han Mo (Yoon Je Moon), o filho mais velho (44 anos), é um ex-presidiário que nunca saiu de casa, e não se dá tão bem com In Mo. Já, a filha caçula de 35 anos, Oh Mi Yun (Gong Hyo Jin), acabou de sair de um segundo divórcio e ainda levando de brinde, sua filha adolescente, Shin Min Kyung (Jin Ji Hee), para a casa da mãe. Esses três irmãos, que sempre tiveram suas desavenças, agora terão que conviver todos juntos. Há alguma chance de tudo isso dar certo?
Se você está acostumado aos filmes de comédia coreanos, como eu, pode tirar seu cavalinho da chuva. Nesse drama, a comédia surge para dar uma aliviada na história, porque o roteiro é bem denso e as situações bastante tensas. Desde a primeira cena do filme já dá para sentir que não é uma comédia igual às outras. Já na primeira cena, vemos o In Mo espancando o suposto amante de sua esposa, Seo Mi Ok (Lee Young Jin). Mas não é apenas uma cena de espancamento, In Mo desfere palavrões e despeja todo o seu ódio contra o amante da esposa, num acesso ensandecido de fúria. Logo em seguida, a cena é suspensa, e se inicia o filme. Veja bem, eu ri litros com esse filme, mas vale salientar que essa história não é uma simples comédia que te fará apenas rir do início ao fim. Esse não é o propósito do filme, o que é ótimo. Talvez o fato de ser baseado num livro de Cheon Myung Gwan (escritor coreano realista), tenha tornado esse filme uma comédia diferente das que estamos tão acostumados a ver.
Em Boomerang Family, In Mo, Han Mo e Mi Yun não são exemplo nenhum de irmãos melhores amigos, mas sabe aquele ditado que diz que o sangue fala mais alto? Então, se alguém fala mal ou espanca algum deles, tenha certeza de que a briga já foi comprada. Ao longo do filme, In Mo chama a irmã de "vadia", mas quando alguns rapazes puxam o cabelo dela, numa briga, após uma viagem em família, In Mo se levanta indignado por estarem maltratando sua "preciosa irmã". Outra cena, é quando a Mi Yun vive espancando Han Mo, mas fica super ansiosa quando ele não aparece para o seu casamento. Sabe aquela relação de amor e ódio, só que com mais amor do que ódio? Então, esses três irmãos se amam, mas se odeiam. E é muito engraçado quando Han Mo e In Mo se unem para tentar fazer com que Mi Yun e sua filha saiam de casa. O episódio da pizza foi super engraçado, mas também quando Han Mo faz de tudo para encontrar a Min Kyung, é de partir o coração... e eu adorei o Han Mo.
Han Mo é carismático, tem um coração enorme, mas devido a algumas escolhas erradas tomadas na juventude, ele é um ex-presidiário que vive com a mãe desde que saiu da cadeia em regime condicional. Entretanto, seu envolvimento com o tráfico não o deixará em paz por muito tempo. Além desse fator negativo, que contribuirá significativamente para o clímax do filme, temos também algumas reviravoltas quando segredos veem à tona. Adoro reviravoltas e cada uma delas foi muito bem orquestrada ao longo do filme, desde a aparição da senhorita Soo Ja (Ye Ji Won), por quem Han Mo era apaixonado e por quem In Mo queria apenas uma aventura; até a suspeita amizade entre a mamãe Oh e o senhor Gu (Park Geun Hyung). O realismo com que tudo é tratado, ao longo da trama, é muito bom. Sem maquiagens, sem enrolações. Boomerang Family nos mostra o retrato de uma família nada perfeita, mas afinal de contas, qual família é perfeita?
Sobre Han Mo, apesar de ele estar na condicional, ele não é um mal elemento. Todos os dias, ele leva bolinhos para a senhorita Soo Ja (a cabeleireira do bairro) e, às vezes, se arrisca praticando exercícios na rua com os idosos... Embora tenha o nome sujo, Han Mo evita ao máximo ser peça de manobra de Yo, o traficante (Yoo Seung Mok). Entretanto, após o episódio da calcinha e após a fuga de Min Kyung, alguns sacrifícios são feitos e descobrimos que Han Mo tem o coração mais caridoso do mundo. Impossível não se encantar com ele... vai ser meu personagem preferido forever nesse filme e eu quase morri do coração quando o Yo decide acertar as contas com ele.
Sobre a Mi Yun e a sua filha, Min Kyung, percebemos que as duas não tem nada em comum uma com a outra, o que faz com as duas se desentendam com bastante frequência. Enquanto Mi Yun não consegue passar nenhum minuto sem um namorado, Min Kyung é uma péssima aluna na escola e odeia os incontáveis namorados da mãe. O que Min Kyung adora é assistir a programas de TV coreanos e, de vez em quando, passa horas com os amigos na rua fumando. Ela é a típica adolescente que caiu de paraquedas numa família que ela mal conheceu. Mas aos poucos, percebemos que ela não se encaixa com a família chegando até a fugir de casa. Após essa fuga, as coisas mudam. E a relação entre todos melhora, sobretudo, com o tio Han Mo.
Boomerang Family é um filme bem realista. Não tem aquela romantização dos personagens principais. A Mi Yun já se divorciou duas vezes e já está emplacando um novo casamento. In Mo é um diretor fracassado que acaba tendo que dirigir filmes que ele nunca imaginou dirigir, Han Mo tem a ficha suja por se envolver em situações de risco, Min Kyung não é uma aluna inteligente, a mamãe Oh tem os seus segredos do passado e assim, vai sendo delineado para nós, um retrato de uma família que não é perfeita, que não vive o "Gangnam Style", aliás, a família Oh vive num bairro mediano da Coreia do Sul, sem muito glamour, nem nada. É, digamos assim, uma família modesta. Que nem sempre tem dinheiro para comprar carne, mas ainda assim, cada um tenta dar o seu melhor, mesmo que isso ocorra através de meios não tão lícitos, digamos assim.
Gostei bastante desse filme, pelo realismo impregnado na história. Gostei da não-romantização dos personagens, o que os aproxima muito de nós e de nossa realidade... afinal, qual família não tem os seus problemas? Qual família é perfeita? Acho que essa pequena reflexão, sobre a família que temos e por que devemos cuidar dela já valem pelo filme todo. Além disso, depois que assistimos ao filme e depois de percebermos que os filhos da senhora Oh não tiveram nenhum êxito na vida, é que entendemos o porquê de o filme se chamar família bumerangue. Super recomendo!!
Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐
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