Eu vi esse filme há um tempo atrás, certamente, na mesma época em que foi lançado. Uma amiga minha do ensino médio tinha me emprestado e super recomendava que eu assistisse. Lembro que chorei horrores nesse filme. E lembro também que eu tinha achado um ótimo filme. Mas, recentemente, eu tive a oportunidade de reassisti-lo e, hoje, aproximadamente 10 anos depois da primeira que eu vi, percebi certos detalhes que passaram despercebidos. [Pode conter spoiler].
Título Original: Bridge to Terabithia
Direção: Gabor Csupo
Roteiro: Jeff Stockwell; David Paterson
País de Origem: EUA/ Nova Zelândia
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Duração: 96 min
Ano de Lançamento: 2007
Baseado no livro de Katherine Paterson, Ponte para Terabítia conta a história de Jess Aarons (Josh Hutcheson), um menino solitário que tenta se adaptar à rotina familiar e escolar. Jess sente-se um estranho no ninho e acredita que uma das formas de ser alguém é ganhando a corrida dos colegas na escola. Embora tenha passado o verão inteiro treinando, ele é derrotado pela aluna transferida, Leslie Burke (AnnaSophia Robb). Apesar de se sentir mal com a derrota, Leslie e ele acabam se tornando grandes amigos e criam juntos um mundo imaginário que só eles conhecem: Terabítia.
No quesito fantasia, o filme deixa um pouco a desejar. Nessa segunda vez em que assisti senti muita falta dos efeitos especiais mais trabalhados (mas é bom lembrar que estamos falando de um filme de 2007, vamos dar um desconto) e de mais cenas com os habitantes de Terabítia. Não sei se foi a nostalgia, mas na primeira vez em que vi o filme, achei a alegoria de Terabítia similar à do universo de Nárnia, entretanto, após uma segunda assistida, senti falta, muita falta de "sentir" esse universo mágico de Terabítia. E, na minha opinião, isso deixou um pouco a desejar. A ousadia de tentar mesclar drama com fantasia não casou de forma tão equilibrada assim.
No quesito fantasia, o filme deixa um pouco a desejar. Nessa segunda vez em que assisti senti muita falta dos efeitos especiais mais trabalhados (mas é bom lembrar que estamos falando de um filme de 2007, vamos dar um desconto) e de mais cenas com os habitantes de Terabítia. Não sei se foi a nostalgia, mas na primeira vez em que vi o filme, achei a alegoria de Terabítia similar à do universo de Nárnia, entretanto, após uma segunda assistida, senti falta, muita falta de "sentir" esse universo mágico de Terabítia. E, na minha opinião, isso deixou um pouco a desejar. A ousadia de tentar mesclar drama com fantasia não casou de forma tão equilibrada assim.
Além de a fantasia deixar um pouco a desejar, no quesito drama, o filme também não é muito eficiente. Jess não consegue se enturmar com os seus colegas, mas acaba ficando amigo de Leslie. Os dois se dão super bem, depois de passado o mal entendido e a humilhação de ter sido vencido por uma garota. À medida que se tornam amigos, os dois criam um universo só deles. Mas é aí que começam as falhas. O universo de Terabítia é pouco desenvolvido. E a relação de Jess-Leslie-Ms. Edmunds não fica tão bem delineada. Aliás, para mim, a paixão de Jess pela professora Ms. Edmunds (Zooey Deschanel) me lembrou a paixão de Vada pelo seu professor (Meu Primeiro Amor - 1991), mas numa versão bem limitada. Na verdade, são bem pontuais os momentos em que Jess aparece suspirando pela Ms. Edmunds. Além disso, o filme não explora a relação passional entre Jess e Leslie. Ambas as situações são extremamente pontuais e pouco desenvolvidas.
Outra coisa no filme que chama a atenção é que nada se sabe ou pouco é dito sobre Leslie. Sabe-se apenas que ela se mudou com os pais, que eles são escritores e trabalham em casa. Além disso, só é mencionado numa única passagem do filme que ela era uma menina que não conseguia se encaixar na sua antiga escola. Mas o que se percebe é que isso não é importante para a narrativa do filme. Leslie é apenas uma personagem que existe em função de Jess, apenas para fazer com que ele cresça, amadureça, seja uma pessoa melhor. Ou seja, a Leslie é apenas mais uma personagem feminina conhecida como Manic Pixie Dream Girl (MPDG), que são personagens misteriosas, que surgem na história sem que pareça real de tão legal que elas são, além disso, elas sempre estão disponíveis para ajudar o protagonista a ter uma aventura e sair da sua vidinha medíocre. Essas personagens costumam ser excêntricas, despreocupadas, que fazem o tipo "estilo livre", são descoladas, bonitas sem fazer esforço algum, mas que não têm profundidade. Outra característica dessa personagem é que elas, geralmente, desaparecem ou são ofuscadas quando perdem a sua utilidade.
Leslie atende a quase todos os requisitos e é uma grande pena que essa personagem, a priori, incrível, seja tão pouco desenvolvida na narrativa, sobretudo, por ser baseada numa história real. Entretanto, como uma MPDG, ela atende ao seu propósito e Jess se torna um garoto mais maduro e ciente de que precisa ser melhor. E, nessa mudança, ele acaba melhorando sua relação com a família e com os demais colegas. Aos poucos, sua vida volta ao normal e Leslie sai de cena. No mais, Ponte para Terabítia é um filme divertido para se assistir com a família, entretanto, se você tiver um gosto mais refinado e exigente, pode se decepcionar com as promessas do roteiro, que não são satisfatoriamente cumpridas. Eu gosto do filme pela nostalgia que ele me traz, mas hoje, depois de 9 anos, percebo algumas falhas, mas isso também não faz com que o filme perca o seu glamour, mas vale ressaltar que esse tipo de observação é pertinente e construtiva, pois é importante perceber o quanto esse modelo de personagem feminina é tão disseminado nos filmes e o quanto eles não conseguem representar as mulheres. Imagine então, um filme para crianças em que esses modelos já surgem dominantes? É interessante que se perceba isso, a fim de se ter um posicionamento crítico acerca desses modelos.
Outra coisa no filme que chama a atenção é que nada se sabe ou pouco é dito sobre Leslie. Sabe-se apenas que ela se mudou com os pais, que eles são escritores e trabalham em casa. Além disso, só é mencionado numa única passagem do filme que ela era uma menina que não conseguia se encaixar na sua antiga escola. Mas o que se percebe é que isso não é importante para a narrativa do filme. Leslie é apenas uma personagem que existe em função de Jess, apenas para fazer com que ele cresça, amadureça, seja uma pessoa melhor. Ou seja, a Leslie é apenas mais uma personagem feminina conhecida como Manic Pixie Dream Girl (MPDG), que são personagens misteriosas, que surgem na história sem que pareça real de tão legal que elas são, além disso, elas sempre estão disponíveis para ajudar o protagonista a ter uma aventura e sair da sua vidinha medíocre. Essas personagens costumam ser excêntricas, despreocupadas, que fazem o tipo "estilo livre", são descoladas, bonitas sem fazer esforço algum, mas que não têm profundidade. Outra característica dessa personagem é que elas, geralmente, desaparecem ou são ofuscadas quando perdem a sua utilidade.
Leslie atende a quase todos os requisitos e é uma grande pena que essa personagem, a priori, incrível, seja tão pouco desenvolvida na narrativa, sobretudo, por ser baseada numa história real. Entretanto, como uma MPDG, ela atende ao seu propósito e Jess se torna um garoto mais maduro e ciente de que precisa ser melhor. E, nessa mudança, ele acaba melhorando sua relação com a família e com os demais colegas. Aos poucos, sua vida volta ao normal e Leslie sai de cena. No mais, Ponte para Terabítia é um filme divertido para se assistir com a família, entretanto, se você tiver um gosto mais refinado e exigente, pode se decepcionar com as promessas do roteiro, que não são satisfatoriamente cumpridas. Eu gosto do filme pela nostalgia que ele me traz, mas hoje, depois de 9 anos, percebo algumas falhas, mas isso também não faz com que o filme perca o seu glamour, mas vale ressaltar que esse tipo de observação é pertinente e construtiva, pois é importante perceber o quanto esse modelo de personagem feminina é tão disseminado nos filmes e o quanto eles não conseguem representar as mulheres. Imagine então, um filme para crianças em que esses modelos já surgem dominantes? É interessante que se perceba isso, a fim de se ter um posicionamento crítico acerca desses modelos.
Nota: ⭐⭐⭐
Comentários
Postar um comentário