Cake - Uma Razão para Viver (2014)

Eu sempre vi filmes com a Jennifer Aniston e sempre associei seus papéis a filmes de comédia romântica. Nunca subestimei o potencial dela como atriz, mas também não tive oportunidade de ver outros filmes com ela. Desde Friends, Quero Ficar com Polly e Ele não Está tão a fim de Você, por exemplo, não imaginava ver uma Jennifer Aniston num papel tão diferente e desafiador. Foi a mesma surpresa que tive quando vi Jim Carrey em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, impossível acreditar que ele era o mesmo ator de Ace Ventura, O Mentiroso e O Máscara.


Título Original: Cake
Direção: Daniel Barnz
Roteiro: Patrick Tobin
País de Origem: EUA
Gênero: Drama
Duração: 102 min
Ano de Lançamento: 2014

Antes de mais nada, Cake é um filme que fala de uma temática bastante delicada. Embora seja algo mais comum do que se imagina, muitas pessoas ainda têm preconceito com relação a isso. Cake traz de forma irônica e sarcástica uma personagem com depressão. Jennifer Aniston é Claire Bennett, uma mulher separada do marido que vive numa casa sozinha tendo que lidar com a sua grande perda. Vale salientar que o filme é recheado de humor negro ácido. Claire é uma paciente com depressão há pelo menos um ano sem demonstrar nenhum sinal evidente de melhora e para completar seu quadro, ela ainda é viciada em remédios.

Claire é uma mulher atormentada e depressiva. Além disso, ela guarda uma dor muito profunda. Dor essa que tem estreita ligação com suas cicatrizes pelo corpo e com seu problema crônico no quadril. O filme se desenrola de forma lenta, sem muitos desdobramentos. Mas isso é intencional, pois vamos aos poucos acompanhando a rotina de Claire e de seus problemas com o vício em remédios e com a depressão.



Fica subentendido, ao longo do filme, que Claire está separada do marido e vive sozinha numa casa grande com piscina. A única companhia que ela tem durante o dia é Silvana (Adriana Barraza), que seria uma espécie de cuidadora da casa e da própria Claire. Além disso, a rotina de Claire se resume basicamente a ficar em casa e ir às sessões de fisioterapia e ao grupo de apoio. Mas tudo muda, quando Nina (Anna Kendrick), uma das participantes do grupo de escuta se suicida.

Claire começa a se interessar bastante pela vida da ex-companheira de grupo, de quem não era nada próxima. E tenta por conta própria tentar entender por que Nina, uma mulher de 31 anos, jovem e bonita, teria cometido suicídio pulando de um viaduto. Nessa empreitada, ela vai até a casa de Nina e conhece o marido viúvo e o filho órfão dela. De maneira inexplicável, ela se sente atraída por aquela família, embora mantenha certa distância de tudo que possa lhe trazer lembranças dolorosas de seu passado e de seu acidente. E uma relação estranha e inusitada surge entre ela e Roy (Sam Worthington), viúvo de Nina.



Vale salientar que em nenhum momento é dito ou mostrado o que de fato aconteceu com Claire, isso fica subentendido em algumas passagens e fragmentos de lembranças da própria Claire. Além disso, o filme não tem pretensão nenhuma de explicar o porquê do suicídio de Nina e muito menos os reais motivos por trás da depressão de Claire. Na verdade, não há julgamentos acerca da índole ou acerca dos problemas que as personagens têm no filme. Tudo é um acúmulo de subentendidos.

Jennifer Aniston me surpreendeu nesse papel. Em nenhum momento você sente pena da Claire, esse não é o objetivo do filme. Mas você sente empatia. A lentidão do filme é proposital justamente para mostrar como uma pessoa com depressão percebe as coisas ao seu redor. Mostrar como é o humor, os altos e baixos sem romantismos nem exageros.



Claire começa a ver Nina em seus sonhos e não vemos uma Nina arrependida do suicídio nem interessada em explicar os seus motivos. Suas aparições são bem pontuais e carregadas de ironia e sarcasmo. Talvez fruto da imaginação da própria Claire? Seria a Claire personificando a Nina se pudesse estar em seu lugar? Cake é um filme muito bonito, muito forte e inovador. Não pense em Cake como um filme sobre finais felizes, mas como um filme que retrata como a dor e a amargura podem afetar a vida de uma pessoa. E que sim, isso é uma doença. A depressão não é uma vilã, nem a Claire é uma personagem indefesa. Mas é necessário que ela mesma tenha iniciativa para superar seus próprios traumas e dramas. Um filme importante. E uma das melhores atuações da carreira de Jennifer Aniston. Muito bom. Recomendo.

Nota: ⭐⭐⭐⭐

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